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Já passou por sua cabeça cometer suicídio ou homicídio?

Achei intrigante o comentário feito por professor de direito penal quando eu cursava a universidade: “Caros alunos, qualquer pessoa, pelo menos uma vez, já pensou em dar cabo da própria vida”.

A discussão entre os alunos foi acalorada; ao final, o mestre completou: “Em alguns momentos da nossa existência, quando fragilizados emocionalmente ou abatidos pela ocorrência de fato muito triste, é possível ventilarmos hipótese de suicídio. Geralmente, é um flash de segundos e não passa disso”. É importante frisar, que o ato suicida não é considerado diagnóstico de transtorno mental, pois pessoas consideradas sãs, livres de qualquer tipo de doença psicológica, podem cometer esse desatino.

Na aula seguinte, o professor levantou outro assunto muito polêmico: “Todos nós, em algum momento de raiva, aborrecimento ou contrariedade, já tivemos vontade de matar alguém”. Os comentários foram surgindo naturalmente, e ao final, deram, mais uma vez, razão ao educador. O ser humano é dotado de bondade, amor e carinho, mas também de instinto agressivo e violento. O ambiente em que foi criada, processos depressivos, baixa autoestima, perda da pessoa amada, dívidas financeiras, inveja, uso frequente de drogas e tantos outros acontecimentos, podem fazer com que uma pessoa considerada normal pratique atitude violenta e completamente inesperada.

Cronologicamente, podemos dizer que tudo começa com uma ideia negativa que surge na mente humana num momento de crise, e que, na grande maioria dos casos, cessa quase que no mesmo instante. O contexto se agrava quando esse pensamento torna-se um desejo, ou seja, ventila-se a possibilidade de concretizar atitude violenta. É importante frisar, que nessa fase não há nenhum tipo de planejamento ou estratégia formulada. O problema adquire contornos quando o desejo passa a ser contínuo, persistente, podendo avançar para a fase que chamamos de planejamento. Com a decisão já tomada, a preocupação passa a ser vislumbrar plano para concretizá-la. Por fim, vem a fase da execução, onde o sujeito, friamente, estipula roteiro com hora, local, método e instrumentos a serem utilizados para tirar a vida de alguém ou cometer suicídio.

No caso do homicídio, caso seja alçado à condição de suspeito pela polícia, o autor tende a negar veementemente a autoria. Já no suicídio, se a vítima não deixar carta ou algum sinal do ato que cometeu, familiares e amigos rechaçam essa possibilidade, argumentando que a pessoa querida não tinha motivos para ceifar a própria vida; aí, as críticas à polícia aparecem aos montes. Essa é uma dualidade dos seres humanos: ir, numa fração de segundos, do extremo da bondade à pratica de atos com requintes de violência e crueldade; temos que aprender a lidar com essa condição. Após mais de 25 anos estudando à fundo o fenômeno da violência, aprendi que jamais devemos duvidar da capacidade das pessoas em fazer o mal, como também de fazer o bem.

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