medo é um sentimento de insegurança que surge em alguns momentos de nossa vida e é gerado por uma situação ou pessoa.
Mas para que serve o medo? Qual a sua função?
É a principal ferramenta de alerta de segurança. O medo capta sinais exteriores de perigo e nos informa o potencial risco.
O medo aponta um sinal vermelho quando nos sentimos ameaçados, cabendo, então, rápida reflexão para a tomada de medidas de ordem proativa ou preventiva para evitar que o perigo se materialize.
Agora, quando o risco se concretiza à nossa frente paramos de temer e podemos reagir ao sinistro de duas forma:
1) Buscando controle visando minimização do risco. Imagine que uma pessoa pressinta risco de assalto mas não dá importância ao sinal de sobrevivência ou simplesmente fica paralisada sem saber o que fazer. Com isso, o ladrão se aproxima, aponta uma arma de fogo e ordena a entrega dos pertences. Ela começa a gerenciar o risco e busca manter a calma e atender as ordens do criminoso para que o crime perdure por menor tempo possível. Após rápida subtração, o bandido vai embora sem a agredir fisicamente.
2) Ou começa a temer os resultados que o problema pode oferecer: o medo muda e agora é a possibilidade de ser morto ou de perder um bem valioso. Em pânico, a vítima toma atitude impensada e parte para luta corporal(tudo ou nada) com oponente armado ou começa a berrar desesperadamente ou até mesmo sai correndo em desabalada carreira.
O medo constante pode se transformar em uma doença, ou seja, uma fobia, quando passa a comprometer as relações sociais e a causar sofrimento psicológico.
Após estudar e pesquisar com profundidade por mais de 30 anos o fenômeno da violência urbana e os métodos prevencionistas, concluí que muitas pessoas confundem o “medo” com “ansiedade” e a “preocupação”, que são sentimentos completamente distintos. Essa confusão mental pode gerar o que chamo de “medo imaginário” e até situações de pânico, prejudicando a saúde mental.
A ansiedade faz com que a pessoa tema antecipamente algo que pode ou não vir a acontecer. Estudos mostram que 9,3% da população brasileira sofre desse transtorno. Dependendo do nível, a ansiedade pode gerar nas pessoas depressão e até suicídio. Já as preocupações costumam ser pontuais e ter causas específicas.
Ansiedade, ao contrário do medo real, é sempre causada pela incerteza.
Preocupação é o medo que criamos. Imagine uma mãe que não consegue dormir enquanto o filho de 20 anos, que saiu no final de semana para se divertir, não volta. Enquanto o jovem não chega, a genitora passa a imaginar que ele pode ser assaltado, levar um tiro ou se envolver num acidente de carro e ficar gravemente ferido ou até sofrer risco de morte. Ao ouvir a porta abrir às 3h30 da madrugada, a mãe relaxa, joga fora toda a carga de preocupação e dorme imediatamente.
Outro detalhe importante, é que a preocupação é uma forma de o cérebro impedir que a pessoa saia da chamada zona de conforto, ou seja, busque mudanças. O desconhecido parece ser tão perigoso no imaginário, que os pensamentos começam a sobrecarregar de preocupação até que haja desistência do objetivo pretendido.
Na verdade, preocupação e sofrimento são sentimentos desnecessários e até destrutivos quando em grau elevado. A preocupação, na maioria das vezes, prejudica mais do que ajuda, pois interrompe o pensamento e bloqueia ações positivas que poderiam ser tomadas.
Tem uma dica importante para aqueles que se preocupam demais com quase tudo na vida.
Quando você perceber que está preocupado demais, pare por um instante e investigue o motivo dessa sabotagem mental. Pergunte a si mesmo: “De que me adianta isso?”
Encontro pessoas que tem habilidade de sempre prever o pior. Outras têm dificuldade de reconhecer o perigo próximo e preferem negar a possibilidade de algo ruim.
A conclusão é que nossos pensamentos são solo fértil onde a preocupação e a ansiedade podem se transformar em verdadeiras pragas que desestabilizam nosso equilíbrio emocional e até o sistema imunológico.
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