Toda vez que uma pessoa famosa ou considerada celebridade no meio artístico, político, esportivo ou empresarial envolve-se em acidente de natureza grave ou é hospitalizada em Unidade de Terapia Intensiva(UTI) em razão de enfermidade ou até por uso abusivo de drogas, percebe-se cautela nos meios de comunicação no tocante a divulgação de seu estado de saúde.
Os hospitais possuem normas e regras no fornecimento de Boletim Informativo relativos a informações clínicas de paciente internados.
A verdade, é que fãs e admiradores ficam preocupados e desejam notícias do estado de saúde da pessoa pública, mas muita gente têm somente curiosidade de saber se o famoso vai sobreviver ou não ao tratamento emergencial.
O repórter, quando não consegue obter informações oficiais precisas e aprofundadas sobre o estado clínico da celebridade, pode comentar que o enfermo encontra-se em “estado estável”. É mais simples, prático e politicamente correto.
Comparo esse termo com o mundo do futebol. O time grande vem perdendo várias partidas. O dirigente não sabe bem o que fazer. De quem é a culpa pelos maus resultados?
Geralmente, a responsabilidade cai em torno do técnico. Enquanto não se decide o que fazer, sempre surge um diretor do clube dizendo que “o treinador está prestigiado”.
Quem é do meio do futebol sabe que essa expressão indica que o técnico será substituído nos próximos dias.
Mas na medicina, qual o verdadeiro significado do termo “estado estável” do paciente?
Devemos ficar esperançosos ou entristecidos com esse tipo de Boletim Médico?
É importante frisar, que “quadro clínico” é a situação em que o paciente se encontra; é o diagnóstico daquele momento.
Conversei com algumas médicos que me disseram que se o quadro clínico continua estável, é preocupante, pois indica que o paciente não obteve evolução positiva.
Certa vez, acompanhei o caso de uma celebridade que foi internada em virtude de uso abusivo de remédios controlados(tarja preta). Ele deu entrada no hospital já à beira da morte. 36 horas depois da internação, as informações de bastidores não eram nada animadoras.
O Boletim Informativo dizia que o paciente estava estável.
O semblante do médico era de tensão e preocupação. A conclusão era a seguinte: o paciente está estável, ou seja, do mesmo jeito que chegou...próximo da morte.
Alguns dias depois veio a notícia do óbito.
Portanto, pelo que pude pesquisar no meio médico, paciente recolhido à UTI em razão de doença, acidente ou uso exagerado de drogas e que permanece em estado estável, poderá ter recaída, piorar e vir à morte, como também tem chances de obter melhoras de forma paliativa.
“A esperança é a última que morre”, já dizia o velho jargão popular.
Alguns dizem isso com tristeza no olhar, mas acreditando que através da fé a pessoa querida vai se restabelecer. Quando nada está dando certo e parece que não tem mais jeito, a única coisa que nos resta é a esperança.
No futebol é assim, nem todo “técnico prestigiado” é demitido. Muitos dão a volta por cima e tornam-se campeões.
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