O carnaval ainda não começou, mas na cidade de São Paulo os blocos de rua estão fervendo há várias semanas.
A Prefeitura registrou 391 blocos cadastrados, um aumento significativo de 28% em relação a 2016. Segundo estimativa dos organizadores dos principais blocos, a capital paulista deve atrair aproximadamente 2,5 milhões de pessoas. Número superior a Salvador (2 milhões) e Recife (1,5 milhões).
Mas nem tudo é festa, alegria, fantasia e purpurina!
Um dos problemas gerados, é o trânsito e o barulho em bairros tradicionalmente familiares, causando desconforto aos muitos moradores idosos, crianças e pessoas acamadas.
Plantões policiais e prontos socorros de hospitais permanecem lotados durante esses eventos. É alta a incidência de subtrações de celulares e carteiras, bem como brigas e acidentes de trânsito, que têm origem nas bebedeiras desmedidas e overdoses de drogas.
No último final de semana, resolvi caminhar a pé pelo meu bairro, na Zona Oeste/SP, e visitei três blocos de rua num raio de 800 metros. Tive a nítida impressão que para alguns dos foliões o mundo iria acabar em breve, tendo em vista o exagero de procedimentos, principalmente em relação a ingestão de bebidas alcoólicas.
Durante o percurso, é possível ver jovens e adultos fantasiados segurando garrafas de bebidas alcoólicas de baixa qualidade. Notei que a estratégia é se embriagar no caminho para pular o carnaval turbinado. Muita gente estava ingerindo vinho tinto de garrafão, na temperatura ambiente, sem qualquer cerimônia. A garrafa passava de boca em boca entre os amigos. O sol de quase 40 graus esquentava os ânimos e facilitava o surgimento das primeiras pessoas caídas ao chão.
Verdadeiro enxame de ambulantes circundava a área de maior concentração de foliões. A mercadoria oferecida era somente bebida alcoólica, pois pra que comer no carnaval?
O lema era “cabeça cheia e estômago vazio”.
Portanto, a festa carnavalesca torna-se sinônimo de exagero, onde se mistura, de forma explosiva e inconsequente, álcool, energéticos, drogas, calor excessivo, esgotamento físico e privação do sono.
Mas qual o motivo de tanta felicidade e comemoração?
O Brasil está em recessão, vivenciando gravíssima crise financeira; e o desemprego nas alturas. Nos últimos dois anos estamos sendo bombardeados diariamente com manchetes tenebrosas nos veículos de comunicação, principalmente em relação à política e violência urbana.
Pelo menos para mim, essa alegria parece um tanto contraditória. Mas a contradição faz parte da cultura brasileira; portanto, viva o carnaval!!!
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