No final de 2015 estive no Rio de Janeiro; numa manhã ensolarada resolvi ir até a Lagoa Rodrigo de Freitas percorrer a pista de 7,5 km de extensão que a ladeia.
Durante a corrida, percebi algo intrigante! Poucas pessoas circulavam pelo lindo local. Aonde estavam os turistas? E os moradores do Leblon e Ipanema que utilizam o espaço para passeio e práticas esportivas?
Já estive em outros anos, nessa mesma época, nesse mesmo local e o movimento de pessoas era infinitamente maior. Tive que andar bastante para encontrar água de côco. Restou claro, que o número de ambulantes também diminuiu bastante, provavelmente por causa dos poucos clientes. Será que a causa desse marasmo é a crise econômica e o alto índice de desemprego? Creio que não, pois quem frequenta a Lagoa, em sua maioria, são os moradores da região, que são de classe média alta e alta.
Comentei com o vendedor de água de côco sobre meu espanto quanto ao reduzido número de pessoas nessa que é uma das paisagens mais belas da cidade fluminense. A resposta foi esclarecedora:
“Os assaltos corriqueiros afugentaram as pessoas, e a morte do médico Jaime Gold, em maio/2015, que passeava com sua bicicleta e foi esfaqueado por um menor por causa de um mísero celular, gerou pânico e afugentou o povo da Lagoa”.
Muita gente, ao ver ocorrências policiais na televisão ou nos jornais, não têm noção do estrago feito em nosso país pelos altos índices de criminalidade. Geralmente, a discussão apresenta foco limitado somente ao fato criminoso: Quem morreu? Quem matou?
A extensão do problema é bem maior.
Como será que está a vida dos familiares do médico Jaime Gold? Qual o reflexo na vida daqueles que trabalhavam com ele e de seus pacientes? Será que alguém próximo à vítima adquiriu algum tipo de estresse pós-traumático e está com a vida paralisada neste momento? E os moradores do entorno da Lagoa, que a frequentavam a pé, será que passaram a ficar trancafiados dentro do lar, limitando-se a ver a bela paisagem através da janela?
Com a queda da frequência de pessoas, muitos comerciantes tiveram que fechar seus negócios e com isso suas famílias sentiram na pele a queda da renda financeira familiar. Menos venda gera desemprego e queda da arrecadação da cidade, que passa a ter menos recursos para investir na educação, saúde, segurança pública e etc.
Os reflexos negativos gerados pela violência urbana são de profundidade aterrorizante e devastadora. Em cada região do Brasil onde ocorre um assalto, estupro, assassinato, ponto de venda e uso de drogas, corrupção de agentes públicos e etc., as sequelas da violência urbana são as mesmas.
Portanto, amigo leitor, o Brasil não pode continuar refém dos bandidos das comunidades carentes nem dos criminosos de colarinho branco.
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