Casos de suicídio são muito divulgados pela mídia se a pessoa falecida for pública ou quando ocorrem logo após o autor cometer assassinato, geralmente de seus próprios familiares.
A maioria dos casos não se enquadra nas duas situações que citei e deixa rastros silenciosos de dor. Tão logo comprovado que não houve participação ou induzimento, são arquivados ainda na fase policial.
A cada 40 segundos uma pessoa tira a própria vida no mundo. São mais de 800 mil suicídios registrados anualmente no planeta.
No Brasil, em média, cerca de 32 pessoas tiram a própria vida todos os dias.
Estudos mostram (Bertolote e Fleischmann, World Psychiatry, 2002) que em cerca de 97% dos casos de suicídio caberia um diagnóstico de transtorno mental, tais como:
-Transtorno de humor
-Transtorno por uso de substância psicoativa
-Esquizofrenia
-Transtorno de personalidade
-Transtorno orgânico mental
-Transtorno de ansiedade
-Transtorno de ajustamento
Em apenas 3% dos casos analisados na pesquisa as vítimas não apresentaram nenhum diagnóstico psiquiátrico.
Os estudiosos dizem que não se deve afirmar que suicídios estão relacionados a uma doença mental. A conclusão cientifica é que a doença mental é um fator de risco para o suicídio.
As causas que levam alguém a praticar o suicídio são por demais complexas. Geralmente, não é explicado por um motivo recente e isolado, tais como perda de emprego ou fim de relacionamento afetivo.
Além do transtorno mental, temos ainda outros aspectos que podem apresentar ligação:
-Abuso de uso de álcool e drogas ilegais
-Desesperança/Desespero: busca de sentido existencial, razão para viver, falta de habilidade de resolução de problemas normais na vida de qualquer pessoa
-Ter acesso a meios letais
-Impulsividade
Portanto, é errado tentar explicar o suicídio de forma simplista, apontando uma única causa.
O ideal, é que o transtorno mental seja diagnosticado o mais rápido possível e tratado.
A Associação Brasileira de Psiquiatria lançou cartilha intitulada “Comportamento Suicida: Conhecer para Prevenir” e fez o seguinte alerta à imprensa na hora de divulgar notícias que envolvam suicidas:
“Notícias sobre suicídio trazem à tona conhecido dilema: como conciliar o dever de informar sem ferir a susceptibilidade das pessoas, sem provocar danos. O dilema é maior quando a pessoa que pôs fim à vida era uma figura pública ou celebridade. Quando se trata de suicídio, os critérios que norteiam a publicação e a composição da reportagem assumem contornos que diferem dos padrões usuais. Muitos veículos de comunicação optam por não divulgar o ato suicida, postura bem diferente da que é dada para outras violências, como homicídios, por exemplo. Por trás desse cuidado há a noção de que a veiculação inapropriada de casos de suicídio poderia ser chocante, como também estimular o ato em pessoas vulneráveis, numa espécie de “contágio”.
Mas como noticiar um suicídio de forma ética e correta?
O suicídio não deve ser enaltecido e nem colocado como ato de coragem ou “solucionador” e muito menos que é algo comum ou normal. Também não se deve falar que é um ato cometido em razão do livre arbítrio, pois como já mencionamos acima, na maioria esmagadora dos casos encontramos transtornos mentais nos autores.
Outro ponto importante a ser explicado, é que embora o transtorno mental seja um fator de risco para o suicídio, especialistas na área enfatizam que o inverso não é verdadeiro, ou seja, a maioria das pessoas que têm algum tipo de problema mental, tal como a depressão, não atenta contra a própria vida.
Portanto, matérias jornalísticas devem abolir o viés sensacionalista com o intuito de evitar pânico desnecessário e equivocado nas pessoas acometidas com doenças psiquiátricas.
A referida cartilha oferta dicas valiosas a jornalistas e profissionais que participam de coberturas em casos de suicídio:
• Evitar a palavra suicídio em chamadas e manchetes. Melhor incluí-la no corpo do texto.
• Evitar a colocação da matéria em primeira página.
• Evitar chamadas dramáticas ou ênfase no impacto da morte sobre as pessoas próximas.
• Pessoas sob o impacto do suicídio estão à procura de uma “causa” para o ocorrido e podem, nas entrevistas, transmitir sua “teoria” que coloca a culpa em algo ou em alguém.
• Alguns entrevistados, inicialmente, poderão negar que a vítima tivesse dado sinais de que planejava se matar. Essa percepção costuma mudar com o passar do tempo.
• Não repetir a reportagem, nem produzir novas matérias sobre o caso.
• Não fornecer detalhes do método letal nem fotos.
• Evitar termos valorativos, como por exemplo: no lugar de “cometeu” suicídio, utilizar “infelizmente, interrompeu a sua vida” em vez de “tentou o suicídio sem sucesso”, usar “felizmente, não conseguiu realizar o ato” ou, ainda, “felizmente, continua viva”; evitar termos generalizantes, como por exemplo, “os suicidas”, ao referir-se a pessoas falecidas por suicídio, trocando por “as pessoas que morreram por suicídio”.
• Aproveite a oportunidade para conscientizar a população sobre prevenção do suicídio.
• Apenas falar que o suicídio é frequente, dar muitas estatísticas, só colabora para o aumento das taxas de suicídio. O ideal, é enfatizar pessoas que enfrentaram problemas sem suicidarem, focando na superação de problemas.
• Mostrar que ideação suicida é algo frequente em doenças mentais e/ou frente a graves dificuldades, mas que a imensa maioria das pessoas consegue lidar de modo eficaz com os problemas e percebem que têm mais “força” do que imaginavam.
Casos de suicídio são muito divulgados pela mídia se a pessoa falecida for pública ou quando ocorrem logo após o autor cometer assassinato, geralmente de seus próprios familiares.
A maioria dos casos não se enquadra nas duas situações que citei e deixa rastros silenciosos de dor. Tão logo comprovado que não houve participação ou induzimento, são arquivados ainda na fase policial.
A cada 40 segundos uma pessoa tira a própria vida no mundo. São mais de 800 mil suicídios registrados anualmente no planeta.
No Brasil, em média, cerca de 32 pessoas tiram a própria vida todos os dias.
Estudos mostram (Bertolote e Fleischmann, World Psychiatry, 2002) que em cerca de 97% dos casos de suicídio caberia um diagnóstico de transtorno mental, tais como:
-Transtorno de humor
-Transtorno por uso de substância psicoativa
-Esquizofrenia
-Transtorno de personalidade
-Transtorno orgânico mental
-Transtorno de ansiedade
-Transtorno de ajustamento
Em apenas 3% dos casos analisados na pesquisa as vítimas não apresentaram nenhum diagnóstico psiquiátrico.
Os estudiosos dizem que não se deve afirmar que suicídios estão relacionados a uma doença mental. A conclusão cientifica é que a doença mental é um fator de risco para o suicídio.
As causas que levam alguém a praticar o suicídio são por demais complexas. Geralmente, não é explicado por um motivo recente e isolado, tais como perda de emprego ou fim de relacionamento afetivo.
Além do transtorno mental, temos ainda outros aspectos que podem apresentar ligação:
-Abuso de uso de álcool e drogas ilegais
-Desesperança/Desespero: busca de sentido existencial, razão para viver, falta de habilidade de resolução de problemas normais na vida de qualquer pessoa
-Ter acesso a meios letais
-Impulsividade
Portanto, é errado tentar explicar o suicídio de forma simplista, apontando uma única causa.
O ideal, é que o transtorno mental seja diagnosticado o mais rápido possível e tratado.
A Associação Brasileira de Psiquiatria lançou cartilha intitulada “Comportamento Suicida: Conhecer para Prevenir” e fez o seguinte alerta à imprensa na hora de divulgar notícias que envolvam suicidas:
“Notícias sobre suicídio trazem à tona conhecido dilema: como conciliar o dever de informar sem ferir a susceptibilidade das pessoas, sem provocar danos. O dilema é maior quando a pessoa que pôs fim à vida era uma figura pública ou celebridade. Quando se trata de suicídio, os critérios que norteiam a publicação e a composição da reportagem assumem contornos que diferem dos padrões usuais. Muitos veículos de comunicação optam por não divulgar o ato suicida, postura bem diferente da que é dada para outras violências, como homicídios, por exemplo. Por trás desse cuidado há a noção de que a veiculação inapropriada de casos de suicídio poderia ser chocante, como também estimular o ato em pessoas vulneráveis, numa espécie de “contágio”.
Mas como noticiar um suicídio de forma ética e correta?
O suicídio não deve ser enaltecido e nem colocado como ato de coragem ou “solucionador” e muito menos que é algo comum ou normal. Também não se deve falar que é um ato cometido em razão do livre arbítrio, pois como já mencionamos acima, na maioria esmagadora dos casos encontramos transtornos mentais nos autores.
Outro ponto importante a ser explicado, é que embora o transtorno mental seja um fator de risco para o suicídio, especialistas na área enfatizam que o inverso não é verdadeiro, ou seja, a maioria das pessoas que têm algum tipo de problema mental, tal como a depressão, não atenta contra a própria vida.
Portanto, matérias jornalísticas devem abolir o viés sensacionalista com o intuito de evitar pânico desnecessário e equivocado nas pessoas acometidas com doenças psiquiátricas.
A referida cartilha oferta dicas valiosas a jornalistas e profissionais que participam de coberturas em casos de suicídio:
• Evitar a palavra suicídio em chamadas e manchetes. Melhor incluí-la no corpo do texto.
• Evitar a colocação da matéria em primeira página.
• Evitar chamadas dramáticas ou ênfase no impacto da morte sobre as pessoas próximas.
• Pessoas sob o impacto do suicídio estão à procura de uma “causa” para o ocorrido e podem, nas entrevistas, transmitir sua “teoria” que coloca a culpa em algo ou em alguém.
• Alguns entrevistados, inicialmente, poderão negar que a vítima tivesse dado sinais de que planejava se matar. Essa percepção costuma mudar com o passar do tempo.
• Não repetir a reportagem, nem produzir novas matérias sobre o caso.
• Não fornecer detalhes do método letal nem fotos.
• Evitar termos valorativos, como por exemplo: no lugar de “cometeu” suicídio, utilizar “infelizmente, interrompeu a sua vida” em vez de “tentou o suicídio sem sucesso”, usar “felizmente, não conseguiu realizar o ato” ou, ainda, “felizmente, continua viva”; evitar termos generalizantes, como por exemplo, “os suicidas”, ao referir-se a pessoas falecidas por suicídio, trocando por “as pessoas que morreram por suicídio”.
• Aproveite a oportunidade para conscientizar a população sobre prevenção do suicídio.
• Apenas falar que o suicídio é frequente, dar muitas estatísticas, só colabora para o aumento das taxas de suicídio. O ideal, é enfatizar pessoas que enfrentaram problemas sem suicidarem, focando na superação de problemas.
• Mostrar que ideação suicida é algo frequente em doenças mentais e/ou frente a graves dificuldades, mas que a imensa maioria das pessoas consegue lidar de modo eficaz com os problemas e percebem que têm mais “força” do que imaginavam.
A cartilha ainda sugere temas que podem ser abordados em reportagens sobre comportamento suicida, as quais bem poderiam acompanhar uma notícia sobre um suicídio em particular:
• Mostrar como suicídio é frequente e como uma parcela de óbitos poderia ser evitada – 17% dos brasileiros já pensou em suicídio.
• Recentes avanços no tratamento de transtornos mentais.
• Histórias de pessoas para as quais a ajuda correta na hora certa evitou o suicídio.
• Pessoas que, por estarem padecendo de um transtorno mental e/ou enfrentando graves problemas, tentaram o suicídio e que hoje vivem com qualidade de vida, conseguiram superar as dificuldades e percebem a inadequação da tentativa de suicídio que realizaram. • Entrevistar profissionais de saúde mental para que a questão seja retratada de forma menos individualista.
• Mitos e verdades sobre o suicídio.
• Sinais de alerta de que uma pessoa está sob risco de suicídio e o que fazer para ajudá-la.
• Estratégias de prevenção, descrevendo experiências capazes de diminuir o número de óbitos por suicídio.
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