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Segurança quando vai bem, ninguém percebe que existe, mas quando vai mal, a culpa é do gestor

Como característica, o brasileiro não valoriza a prevenção; por isso, o Brasil é um dos recordistas mundiais em acidentes e crimes. Na área da saúde acontece a mesma coisa; priorizamos o atendimento às pessoas enfermas ante ofertar orientações simples para a população ser mais saudável. Tanto é verdade, que os médicos no Brasil são especialistas em doenças e não em saúde.

Um antigo jargão popular diz que:

“Prevenir é melhor que remediar”.

Mas gostaria de meter o bedelho nesse pensamento e inserir mais um conceito:

“Prevenir é melhor que remediar, além de custar mais barato do que lidar com o problema”

Em muitas ocasiões, percebo o desinteresse de pessoas quanto ao assunto segurança; é a eterna luta entre:

Reatividade X Proatividade

Reativos somos quando tomamos algum tipo de atitude somente depois de acontecer o pior.

Já o proativo, procura se antecipar ao vislumbrar a possibilidade de risco, mesmo que mínimo; toma medidas preventivas visando que o problema não surja de forma repentina.

O reativo, geralmente, enxerga o incêndio somente quando as labaredas estão altas, no máximo, quando sente o cheire da fumaça.

O proativo pensa e age da seguinte forma:

Identifico Riscos - Analiso Riscos - Trato os Riscos - Mantenho Ambiente Seguro

Quem trabalha na área de prevenção, reclama muito pela falta da devida valorização, pois o sentimento de segurança nem sempre é perceptível para as pessoas. O pensamento é mais ou menos assim:

“Se não aconteceu nenhum sinistro (acidente ou crime), não é mais que obrigação. Agora, se o problema surge, a culpa toda é da segurança patrimonial que não tomou as devidas medidas para evitar, mesmo não tendo recursos suficientes para implementar medidas protetivas”.

Participo de encontros e seminários com gestores de segurança de grandes empresas e ouço atentamente os reclamos. Por isso, decidi balizar conceitos que precisam ser mudados para se ter boa sintonia entre o departamento de segurança e os demais departamentos da empresa:

1) QUANTO TUDO VAI BEM, NINGUÉM PERCEBE QUE A SEGURANÇA EXISTE

O perigo é que se a empresa precisar fazer algum tipo de corte financeiro ou de colaboradores, o setor da segurança patrimonial é o primeiro a ser lembrado.

2) QUANDO ALGO GRAVE ACONTECE, DIZEM QUE A SEGURANÇA NÃO EXISTE

Pensamento totalmente distorcido! Não é possível garantir 100% de segurança em nada na vida. Sinistros podem acontecer, mas é claro que com um bom planejamento e investimento em equipamentos físicos e eletrônicos, além da elaboração de normas e procedimentos, treinamento e capacitação constante dos colaboradores, trabalho contínuo de conscientização de segurança para todos os envolvidos e monitoramento do sistema, a possibilidade de sinistros é reduzida. O problema é que o departamento de segurança faz planejamento de gastos e muitas vezes não consegue os recursos suficientes; com isso, o nível de segurança diminui na mesma proporção

3) QUANDO É PARA GASTAR, ACHAM QUE NÃO É PRECISO OU QUE PODE FICAR PARA DEPOIS, POIS EXISTEM OUTRAS PRIORIDADES

Todo gestor já ouviu a seguinte frase de quem tem que aprovar verba para investimento em segurança: “Bobagem gastar esse dinheiro, nunca aconteceu nada na empresa ou no condomínio. Aqui é uma tranquilidade”.

4) DEPOIS QUE O SINISTRO OCORRE (CRIME OU ACIDENTE) TODOS CONCORDAM QUE SEGURANÇA DEVE SER PRIORIDADE

Inicialmente, é importante frisar que logo após o problema instalado começa a caça aos culpados. Não é novidade alguém da segurança ser demitido. “Por que você não fez isso?” “Por que não fez aquilo?”

Visando minimizar as consequências logo após o sinistro ocorrido, muitas vezes verificamos gastos liberados sem o devido estudo e análise de riscos. Pensamento é o seguinte: “Temos que tomar alguma medida para acalmar os ânimos das pessoas”.

E é na esteira da afobação que aumenta o risco de se fazer investimentos em segurança de forma errada ou desnecessária.

Para finalizar, não posso deixar de relatar fato que aconteceu em um supermercado. O chefe da segurança, após participar de curso que ministrei sobre análise de riscos, planejamento e implementação de plano de segurança para empresas, me telefonou com o seguinte problema:

“Lordello, após participar de seu curso, implementei no supermercado que trabalho os conceitos que aprendi. Os proprietários fizeram os investimentos necessários em segurança e os resultados foram excepcionais, ou seja, praticamente zeramos ocorrências de furto e roubo, tanto é verdade, que tem quase um ano que não vou à delegacia registrar boletim de ocorrência ou acionar viatura da polícia militar. Pois bem, toda essa tranquilidade fez com que um dos donos da empresa começasse a cortar investimentos na área de segurança. Diz que não é mais necessário”.

Caro leitor, o que o administrador não consegue entender é que os sinistros quase zeraram em razão dos investimentos realizados de forma correta e sem exageros. É obvio, que se forem diminuídos os recursos para a segurança, com o tempo, os problemas antigos tendem a se fazer presentes novamente.

Infelizmente, no Brasil, muita gente ainda acha que segurança é despesa e não investimento!

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